O segredo da Busca é que não se acha.
Eternos mundos infinitamente,
Uns dentro de outros, sem cessar decorrem
Inúteis; Sóis, Deuses, Deus dos Deuses
Neles intercalados e perdidos
Nem a nós encontramos no infinito.
Tudo é sempre diverso, e sempre adiante
De [Deus] e Deuses: essa, a luz incerta
Da suprema verdade.
F. Pessoa.

Acho que vou parar de procurar.

Eliane Varhau.

Distância

A distância dos nossos corpos
assedia a ânsia…

Freme veemente em círculo ardente
e multiplica-se num desbravado caminho
de palavras que retrocedo
em alongado
gemido de carência.

Marco as minhas mínguas
a ferro
e todo o teu ser arde-me na pele
gravado em substância.
Aferras-te
e em mim
és perfeito na imensidão de homem.

Percorres-me em segredo,
lapidando as curvas
que à luz se entregam e
projetas-te em sol e fogo.
Não te enxergo a forma
mas sinto-te em fusão
correr-me no sangue.

À contrariedade do tempo que emerge,
gorgolo em devaneio
o teu nome decifrado.

Vera Carvalho

É desta maneira que te sinto...
corre-me no sangue...
e decifro seu nome,
em total e absoluto devaneio

Juliane Varhau

Não é sempre que a vida nos da uma segunda chance
E quando isso acontece, conseguimos errar novamente.
Estou gritando mas ninguém ouve.

Meu coração.... Assim vou eu.



Eliane.

Faço minhas as suas palavras!

comigo só restaram:
ecos dos meus pensamentos,
sem ninguém para escutar,

nada tenho a enxergar,
nem posso esperar.

Esqueço quem sou,
fujo sem saber para onde vou,
e choro todas as minhas tristezas,
...por uma precoce partida,
que talvez tenha sido a minha!

Juliane Varhau

Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Pablo Neruda.

Assim que eu te quero
Calado, ausente, distante.
Só assim posso te amor com o meu coração.
Quando te olho não consigo ver.
Longe e sincero.
Desaparece a sensação e fica a memória e assim te sinto.
Escuta meu silêncio, talvez assim você possa me amar.

Eliane.

Quando falamos destas coisas, muitas vezes são dos momentos monótonos e tristes e aí geralmente como diz FP, aí que tudo se perde,...
as mágoas sobressaem os sentimentos,
o ser humano!

É, pobres diabos, não sabem como tão facilmente fazer o que implora a vida: amor!,
senão ele, palavras de dor!

mas, como dizia Augusto dos Anjos, quem sou eu para comentar....,
"Que sou eu, neste ergástulo das vidas
Danadamente, a soluçar de dor?!
— Trinta triliões de células vencidas,
Nutrindo uma efeméride inferior."

Juliane Varhau

Pobres diabos.

Quem os ouve e não conhece, julga estar escutando um mestre.
Guardo lembranças dessa reclusão.
momentos monótonos e as vezes tristes.
Como disse meu amigo Fp...
Uns gastam a vida em qualquer coisa que não querem, outros empregam-se na busca do que querem e não lhes serve e outros se perdem.

Eliane.

Covardia?
Considero ousadia!,
Ousar se enclausurar para tentar disfarçar! negar!
Como se bastasse!,
A cela que a vida impõe geralmente não possui lugar para os pedestais, e estes só são vistos pelos que possuem a cela dentro de si.

E quando um pedestal é colocado ao centro de uma cela, talvez não pareça um pedestal e apenas um lugar para os que passam em frente dela colocarem os seres que imaginam estarem nestes pedestais, mas que encontram-se justamente ao centro desta cela enfeitada, onde, literalmente não existem lugar para os pedestais, pois as pessoas que os criaram são as responsáveis pela prisão que a vida apresenta.

Juliane Varhau

Me coloquei em um pedestal, dourado com ouro falso

de papelão pintado para parecer mármore.
A vida me deu uma sela de reclusão, o que faço é ornamentá-la.
Mas a mim não me engano.
Sonhar, desejar, fazer...
Desejaria poder fazer.
Mas a minha covardia é um requinte.
Um desalento.

Eliane.

O que sinto...

Juliane Varhau

Ai, ai, ai....
É o que eu digo...

Juliane Varhau

Ecoam? Putz...
Eu acho que na verdade o poeta não tem alma, como dizia um velho amigo, é só um prazer de elogiar a si mesmo já que não pode extrair mais nada da sua vida, procura de outras, para poder achar que encontrou um motivo para viver. Que é fingir ser poeta.
fazem de sua falência espiritual um ornamento e uma negação de sua própria vida.

Eliane.

As mais belas poesias não são inventadas para conquistarem corações,
elas ecoam na alma do poeta,
pois, só se é poeta quando se tem alma e não quando vive-se em busca dela!
as mais belas poesias são escritas quando o foco é um sentimento que faça parte da alma deste poeta,
senão, são palavras vagas...
conquistas!
procura,
sem espera!
sem entrega.
na verdade, poesia sem poesia!
para encobrir justamente a falta de sentimento!

Juliane Varhau

Olha! Esses poetas são pessoas tristes, sozinhas, por isso procuram varias almas perdidas.
Quem sabe não é porque a procura faz com que a demora de encontrar seja mais importante do que na realidade a verdadeira procura?
Acho que procuram e procuram, porque na realidade não querem encontrar nem a sua própria alma e, é mais fácil fingirem que são poetas.

E. C. Varhau.

Poetas são volúveis,
tentam conquistar vários corações por não saberem onde encontra-se o deles!
letras,...por muitas vezes vagas,
que são entregues facilmente,
a qualquer um.
Razoabilidade?
Não, ...sonho!

Juliane

Cai do pedestal e voltei ao estado natural, ta doendo mas valeu!
Agora ninguém me segura!

E C Varhau.

Só pra começar!!!!

Isso ja diz tudo!

É tão difícil as pessoas razoáveis se tornarem poetas, quanto os poetas se tornarem razoáveis.

Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra...kkkk

Eliane.

Então,
As sementes de mostarda voltaram à tona,
ventania,
desilusão,
almas perdidas,...

Os ursos retornaram,
Zens endoidecidos buscam vários corações!
O chão!

Tudo voltou ao lugar, ...exato!
...sem motivo!
sem aviso!

Juliane

Secou-se a ilusão
semeada no coração...
A razão se entrega à dispersão
e a alma retorna à solidão...
Todo o tempo gasto foi em vão,
pois nunca houvera salvação...

José Infante Neto

E nunca haverá salvação,
não existe salvação para o que nunca existiu,
apenas solidão
e um vazio.

Juliane